Parte II
Agora, como podemos pensar em sermos felizes quando estamos cobertos até
o pescoço com problemas bestas, empregos que não nos deixam viver, e uma vida
confusa cheia de falta de crítica e raciocínio lógico, óbvio? Como podemos
pensar em mudar algo em nossas vidas quando ao menos reconhecemos que possuímos
uma, e que esta nossa vida está
ligada inteiramente ao mundo de trabalho, ou ao capitalismo neoliberalista, ou
seja lá qual for o motivo pelo qual somos completamente cegos?
Não podemos viver entregando os pontos àqueles que pensam possuir o poder
sobre nós. Vamos sair do campo de plantio e colheita de fabricação de
mão-de-obra, e vamos partir direto para o campo de batalhas. Este sim é o correto.
O que devemos fazer. O Homem se tornou escravo do tempo industrial, do consumo
daquilo que nós mesmos fabricamos e inventamos. Tornamos-nos escravos de nossas
próprias anti-necessidade; isto sim é verdade. Esta é a era do consumo de
não-necessidade. Consumimos, compramos o que não precisamos a preços
bizarramente altos. Alguém inventa uma falsa promoção, de algo que custa mil
reais, aumenta este preço propositadamente para mil e quinhentos, e faz a
propaganda de mil e cem, chamando isto de promoção. E nós, claro, sem ao menos
necessitar, abrimos nossos olhos podres e iludidos em um sorriso indecente,
corremos para a loja e deixamos mais da metade de nosso salário em uma entrada,
parcelando o restante ao período do resto do ano; o que eleva o preço para quase
uma vez e meia a mais do preço original (mas é claro que ninguém faz questão de
lembrar deste detalhe). E ficamos contentes... Ou não? Somos vítimas de nossa
própria ilusão. Que esplêndido... A santa ignorância impera. Aleluia.
Queimem sua moral iludida, senhoras e senhores, e voltem à realidade. Não
como o clichê de voltarmos para o futuro. O passado nunca termina, e vivemos o
presente como se este não fosse nosso tempo real. O que há de errado
humanidade? Qual é o problema das pessoas? Porque querem destruir a si mesmas?
Queimem-se vivos. Isto sim é o melhor que podem fazer. Pois, se os velhos
costumes morrem com as velhas pessoas; então estes novos e medíocres costumes
alienados e alucinados morrerão também com a sociedade pós-moderna. Quem sabe
assim nasça uma nova identidade humana de realidade.
O Homem odeia a si mesmo, pois é uma variedade de si mesmo. Não consegue
ser original. Reinventa o que nunca fora inventado, e diz não estar contente.
Por isto as coisas não dão certo: pois são cópias do que nunca fora inventado
anteriormente. Somos, hoje, uma idéia de ser humano que ninguém teve o prazer
de sonhar com. Onde estaria o original? Ou somos apenas fruto de cópias sem
essência? Isto parece muito mais provável. Nada de platonismo. Este parece ser o
resumo da ópera humana.
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