Parte I
A pergunta que podemos fazer para o começo seria: por que razão os Homens
estão tentando destruir suas cidades, seus países, seu planeta, e,
principalmente, a si mesmos? Qual seria a maldita razão para isto? Existe hoje
em dia um grande “que se foda tudo”. E ninguém mais leva a si mesmo a sério. O
que é uma coisa muito ruim. Por quê? Por alguma maldita razão. Sabe-se lá qual.
Talvez sua própria existência. O que vale mais a pena para cada um? Ser um
Homem, ou uma parasita, um rato?
Tudo bem, é verdade que hoje vivemos em um mundo de cerveja sem álcool,
cigarro sem nicotina, café sem cafeína, sexo sem prazer... Amor sem amor,
felicidade comprada em supermercados ou uma loja qualquer. Isto pode parecer um
pouco chato, um tanto irritante, uma merda de realidade sem essência. Mas é
esta á questão: tudo o que se consume, parece não ter sua verdadeira essência.
Estaria o Homem se afastando também da sua? Sim, senhoras e senhores.
Bem-vindos ao ilusionismo social. Um circo de horrores no qual as personagens
principais somos nós mesmos. Pagamos para assistir cada ato, e consideramos
tudo uma verdadeira porcaria, pois ao menos isto nós fazemos certo.
Está certo, este não é para ser um livro de auto-ajuda. Até por que
imagino que esta droga de auto-ajuda é uma tremenda besteira. Quem é o idiota
que acredita? Todos. É verdade. Do contrário não se tornariam best-sellers. É o
que todos procuram. O que faz a alegria das pessoas dignas de piedade. Aquelas
que não são capazes de olhar para si mesmas, encontrar o erro, se é que exista
algum, e resolvê-lo. Livros de auto-ajuda dão uma grande mentira. Este aqui é
um livro de auto-rejeição. Ou apenas uma merda qualquer escrita para chamar a
atenção. Isto sim pode ser mais conclusivo. Um mais um livro medíocre aos
mesmos leitores. O fato é que: auto-ajuda não ajuda ninguém.
Há alguns anos atrás percebi o quão hipócritas são as pessoas. Em outro
livro chamei isto de hipocrisia-hipócrita. Pois, ela finge a si mesma. As
pessoas mentem tanto que acabam mentindo para as próprias mentiras. A verdade
nunca está presente. Ao invés de corrigirem um erro, um “engano” mal dito,
preferem inventar outra história que dê uma nova maquiagem aos fatos, e
expliquem melhor e facilmente as coisas. Mas a verdade é dura e crua demais.
Quem sabe por este mesmo motivo é que existam vários alcoólatras modernos: um
gole de whiskey ajuda descer melhor o gosto amargo e pesado da verdade, nunca
dita em público.
Mas vamos falar um pouco sobre um dos maiores vícios, talvez o maior, que
o Homem um dia possa ter sentido: a companhia; a união, a convivência afetiva.
Por qual razão as pessoas não conseguem viver um pouco mais sozinhas? Porque
esta necessidade quase doentia de possuir alguém ao nosso lado? Mal saem de um
relacionamento e logo caem de cara em outro, com uma pessoa quase desconhecida.
Este é um vício fatal, catastrófico, lamentável. O ser humano é dependente
desta droga. Por quê? Porque é fraco. Necessita de alguém ao seu lado para se
apoiar. Não julgo isto um erro. No entanto, onde está seu instinto de
sobrevivência? Onde está a mais-força? Tentem isto, pessoas: unam-se
primeiramente a si mesmos, e descubram-se desta maneira. Existe um prazer quase
sexual neste ato. A solidão é a angústia temida pelo Homem. Mas pode ser muito
bem trabalhada. Isto impede que nos lamentemos por uma relação conjugal um
tanto infeliz; a solidão impede a traição de qualquer forma apresentada. E esta
não é uma conversinha de um solitário oficial. Existe um fundo de racionalidade
nesta questão, que devemos entender e lapidar.
Existem algumas verdades sobre o Homem, as quais conhecemos muitíssimo
bem, mas que não damos o braço a torcer para
acreditar que somos assim. A primeira é que o Homem é um ser totalmente imerso
em oportunismo. Somos capazes de tudo para abocanharmos uma chance qualquer,
que nos valerão algum dinheiro à mais, ou uma boa noite de prazer em uma cama
barata de motel, ou um beco escuro com baratas, ou com uma mulher barata. O
oportunismo está presente em nossos instintos primais. Mas é de seu caráter
moderno que devemos nos envergonhar um pouco, e talvez mudar alguns hábitos. O
Homem também é um posso de mentiras. Mas isto nós já sabemos bem, e discutimos
um pouco acima. O Homem mente para si mesmo, e acredita piamente em suas
próprias ilusões e falsidades. Ser vazio, obsoleto, fútil, também é um vício,
uma realidade do ser humano. Para que sermos mais, tornamo-nos melhores, se
conhecemos muito bem a acomodação, o ócio?
O Homem também é um ser verdadeiramente contraditório. É muito difícil
hoje em dia encontrarmos um alguém que leve-se à sério a ponto de não contrariar-se,
a ponto de considerar-se valioso o bastante em suas palavras, atos, desejos,
etc. Hoje um homem não é visto com bons olhos caso este se valha da companhia
de uma garota mais nova, ou até mesmo menor de idade, entre seus dezesseis ou
dezessete anos, nada muito absurdo. E com as mulheres este moralismo moderno
funciona mais ou menos da mesma forma. Uma mulher é tida como vagabunda caso
tenha consigo um garoto mais novo. Dizem que esta gosta de garotos viris,
durões, se é que me entendem. Mas a verdade é que vendamos nossos olhos para
toda esta falsa moralidade, pois as necessidades humanas, em relação à união,
seja lá de qual maneira, são ainda mais fortes. As pessoas deixam, novamente, a
realidade de lado; e enfiam-se em um buraco fétido de estrume, e vicioso,
chamado falsa-realidade. Uma realidade montada de acordo com suas necessidades
individuais – fazendo com que as pessoas com que se quer algum tipo de convívio
acreditem e vivam também neste mundo. O que é errado é errado apenas para com
os outros. Ou seja: não serve para nós mesmos. Apontamos o dedo na cara das
pessoas para julgar-lhes. Mas quando somos julgados, isto nos incomoda
mortalmente. E mais uma vez fechamos os olhos para nós mesmos. Pois, não temos
coragem de julgar-nos a si próprios. Eis a necessidade da fantasia, da
hipocrisia-hipócrita.
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