09/10/2017

Diário: Confissões de Amor, Solidão e Arrependimento

Nota: Não sei até quando escreverei essas confissões, mas tentarei fazer isso diariamente: todo dia uma confissão sobre o que houve e o que há, o que vi e vivi, os momentos mais desesperadores da minha vida. Não tenho pretensão, além de escrever sobre o amor e tirar um pouco da angústia que sinto no coração.
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Dizem que o tempo é nosso amigo e que ele cura todas as feridas. Não. Nem sempre. Às vezes o tempo é nosso inimigo. O tempo leva embora oportunidades que podem nunca mais passar perto da gente. Leva as chances de entender o que aconteceu, e deixa no lugar um amontoado de sensações e assuntos inacabados. O tempo passa e nos obriga a "deixar para trás". Covardia. Deixar para trás, não buscar, não tentar, não se esforçar mais, simplesmente "deixar para trás" e dizer "fiz o que pude", como se não houvesse mais nada para ser feito, mais nada pelo o que lutar.

Prefiro a bondade do tempo. Não o "deixar para trás". Prefiro o tempo que me permite refletir e retornar ao que precisa ser contornado. Preferi não me esconder. Preferi não negar. Preferi assumir e consertar o erro, mesmo que não apenas por mim.


Já teve a sensação de que você tomou a decisão precipitada mais equivocada de sua vida, e que essa o tempo não vai deixar passar e não vai te deixar esquecer, mesmo que você tente preencher com outras coisas? Assim é meu coração desde aquele dia - e perceba que eu não disse "está", e sim, "é".

Assumi uma responsabilidade naquele lugar que me deixou assustado. Lidei com gente perigosa, criminosa. Noites indo para casa sem saber se na próxima esquina ou no próximo carro na rua estaria a bala de prata que poria fim aos meus (até então) 30 anos. Noites conturbadas e cheias de perigo, ameaças, cenas premeditadas de que alguma coisa aconteceria comigo a qualquer momento, e eu não seria muito capaz de impedir. Além das dificuldades do isolamento, da distância, a saudade, o amor… existia agora o medo de ter a vida ceifada. Apesar da imagem de controle e coragem, claro, eu estava assustado.

O que eu passei naqueles cinco meses e quatorze dias de escuridão foi tão pesado que ainda tento compreender, e perceber quanta sorte eu tive. E tudo o que eu queria era poder conversar e ouvir de novo aquela voz que instantaneamente me acalmava. Ao invés disso, instalei novas trancas na porta e mantive as janelas fechadas.

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