28/01/2016

Sushiman - crônica 60

Crônica 60


Certo dia alguém me perguntou sobre algum lugar legal onde pudesse jantar, um sabor diferente, alguma novidade pela cidade. Nunca tive o hábito de comer em restaurantes finos, então, nunca sabia ao certo o que responder. Dizia saber de um lugar aqui, uma portinha nova ali, uma lanchonete no fim da rua que servia um bom filé a parmegiana por quinze pratas. No mais, nada de diferente a ponto de servir de guia gastronômico. Mas então, totalmente contra a minha vontade, uma amiga que trabalhava no jornal no qual eu prestava serviços de vez em quando – uma mulher descolada por quem eu estava a fim, unicamente sexualmente falando – me convidou para ir a este restaurante de comida japonesa que havia inaugurado há uns dez meses no centro da cidade. Eu nunca tinha ouvido falar desse lugar. Não fazia a menor questão. Não tenho o menor interesse por comida oriental, não gosto de arroz e não gosto de nada cru o suficiente que possa vir acompanhado de salmonela ou qualquer outro parasita que possa me matar ou me dar uma diarreia. Mas, eu estava a fim da mulher e sempre tive vontade de saber como seria puxar seu cabelo na cama. Era um impasse: arriscar comer peixe cru e ir pra cama com aquela mulher e alguns vermes no estômago, ou deixar a noite de lado e continuar escrevendo um artigo qualquer enquanto mordia um Burger King e uma Pepsi sem gelo. Optei pelo desafio.   Nos encontramos às 20h numa quarta-feira já no restaurante. Ela não gostava dirigir e havia vendido meu carro para pagar as contas e comprar comida. Então, cada um foi do seu jeito até o ponto de encontro. Ela estava tão linda.

― Você está linda. – disse eu, como um adolescente excitado.

― Bobagem. – sorriu ela. Jeans e camiseta? Gosto do básico.



― O básico em você cai muito bem. É difícil uma mulher se sentir à vontade e se mostrar tão confiante e bonita vestindo o básico.

Eu não conseguia parar de falar. Idiota. Já estávamos nos sentando à mesa e eu ainda insistia no assunto de vestir apenas o básico. Mas não era minha culpa. Tinha alguma coisa nela que me hipnotizava, que me deixava bobo, sabe, como alguém que nunca tivera um encontro... Pelo menos não depois do segundo divórcio e zero na conta bancária, o que era o meu caso. Enfim.

― Você já veio aqui antes? – perguntei.

― Toda quarta-feira. Esse lugar é incrível. Não é muito rebuscado como você já deve ter percebido, poucos funcionários e decoração deixando a desejar, mas, a comida é deliciosa.

Realmente, decoração simples, lugar precário. Três funcionários: o sushiman que mal mostrava o rosto, pois tinha um spot de luz bem acima de sua cabeça iluminando apenas a comida; uma garçonete que mais parecia ter entrado pela porta dos fundos de algum navio pesqueiro de sardinhas, e um barman de um olho só – ou o tapa-olho estava voltando à moda depois do fim da pirataria colonial, vai saber. A verdade é que o lugar tinha tudo para ser uma cena de filme do Tarantino. Sinceramente, a classe do lugar explicava o modelito básico de jeans e camiseta. Aparecer aqui de vestido ou smoking seria motivo de piada.

Como em praticamente todos os restaurantes, a comida demorou a chegar. O jeito foi enrolar ao máximo meu copo de whiskey enquanto minha colega terminava a segunda taça de espumante. Não estávamos na França, então, qualquer bebida que se pareça com champanhe é somente um espumante, assim como o termo máfia só serve para os italianos: qualquer coisa parecida é meramente crime organizado.

Minha colega falou sobre tudo. Nunca conheci uma mulher que falasse tanto como ela. Normalmente são faladeiras, mas, mesmo que no começo eu estivesse falando como um adolescente excitado, agora era ela quem não fechava a boca. Falou sobre tudo. Sobre seu trabalho como secretária no jornal, sua família e o jeito como sua mãe a tratava até o dia em que saiu de casa e fora para “a cidade grande”. Falou sobre suas irmãs e irmãos, e até sobre seus períodos menstruais e como eles pareciam afetar seu cotidiano. Aos poucos eu estava perdendo a vontade de ir pra cama com ela. Muito estranho. Eu queria muito isso, sempre quis desde o dia em que botei os olhos nela. Mas, talvez pela atmosfera do restaurante onde eu não queria estar, o fato de pagar o dobro do valor numa dose de whiskey vagabundo e a ameaça constante de ser contaminado com alguma doença proveniente da comida, tudo isso somado ao fato de que ela falava cada vez mais sobre coisas que não me interessavam nem um pouco, tudo isso estava me tirando o tesão. Mas, ainda queria saber como seria dar uns puxões eu seu cabelo enquanto transássemos.

Finalmente a comida chega. Por causa do preconceito, já olho com nojo e com vontade de vomitar. Pego um pedaço de salmão cru deitado sobre uma porção de arroz e levo até a boca. Sei que se sentir o cheiro do peixe cru meu estômago vai revirar e jogar tudo pra cima. Então, paro de respirar e mastigo com pressa. Engulo rápido e já mato um gole de whiskey por cima pra tirar o gosto. Ela percebe e dá risada, enquanto se delicia com a comida.

― No começo eu também não gostava. – disse. Aos poucos fui me acostumando, ainda adolescente. Hoje eu gosto bastante de comida japonesa. Tenho um pouco de dó e acho exagero quando eles enfiam o peixe ainda vivo num espeto e mergulham o coitado no óleo quente, mas, no geral, a comida é boa e bastante saudável.

Não sabia se isso me dava mais nojo ou repulsa, mas, ter um peixe frito ainda vivo pulando no prato parecia ser uma coisa que agradava muita gente. A mim, sinceramente, não tinha o menor cabimento. Algum membro de alguma organização em defesa dos animais deveria fazer alguma coisa o mais rápido possível sobre esse tipo de entretenimento gastronômico bizarro. Certa vez vi um vídeo de um “mestre” da gastronomia japonesa fatiando uma lula ainda viva, enquanto tirava a pele de sua cabeça e a cortava em anéis, servindo em um prato decorado enquanto o resto do corpo agonizava em pé ao lado do prato, sob a luz de centenas de flashes e aplausos acalorados. Senti duas coisas: pena pelo animal agonizante servindo de entretenimento disfarçado de cultura gastronômica e, ao mesmo tempo, uma raiva mortal da humanidade por sua crueldade desmedida.

― Faz o seguinte: pegue outro pedaço e mergulhe no molho shoyu. Isso dá outro sabor e faz você se acostumar mais rápido. – disse ela.

Certo, então. Fiz como ela instruiu e mergulhei outro pedaço no shoyu, deixando-o absorver o máximo possível do sabor ruim daquele molho e soja supersaturado de sal. Mas, o resultado fora o mesmo: uma mastigação rápida e outro gole de whiskey pra ajudar na descida e, quem sabe, matar alguma bactéria que tenha entrado junto.

Apesar de tudo, comemos bem. Os ingredientes estavam saborosos e pareciam bastante frescos. Não gosto e pretendo continuar não gostando desse tipo de comida, peixe cru. Mas, o resto até que estava bom: alguns rolinhos fritos com legumes e sukiyake. Gosto de espaguete e gosto de frango, e o que vier a mais é lucro.

Finalmente, fomos pra casa. A casa dela. A primeira noite é sempre na casa da mulher. Uma forma de cortesia, um lugar aonde ela se sinta segura e à vontade para tirar a roupa. O sexo foi bom, nota 7, eu acho. Se bem que talvez eu seja um pouco exigente para quem se divorciou duas vezes e não tem um centavo na carteira. Mas, sexo é sexo, e isso é uma coisa que eu sei quando é boa, média ou ruim. Em certo momento ela virou de costas ainda deitada na cama. Uma mancha peculiar no quadril me chamou a atenção, mas logo retomei o foco. Por cima, peguei seu cabelo cumprido e matei a vontade. Queria saber como era puxá-lo enquanto transássemos, e foi isso o que fiz. Um puxão(zinho) de leve, só para ver como ela reagia. Reagiu super bem, com direito a bis e gemido.

Depois do sexo, nos despedimos com um banho e um “até amanhã”. Mas, não fui trabalhar no dia seguinte, pois, eu apenas prestava alguns serviços como freelancer. Então, só aparecia quando me encomendavam um trabalho, um artigo ou coisa assim.

Na verdade, passei alguns dias sem retornar àquele jornal e sem receber uma só ligação. Bom, como eu já havia me “estranhado” com o editor algumas vezes, com direito a ele por o nariz na frente no meu pulso bem na hora em que eu estava dando um soco no vazio, imaginei que não me ligariam mais por um bom tempo, e também não fiz questão de ir atrás. Parti para outros jornais e continuei prestando meus serviços literários. Estranhamente também não recebi nenhuma ligação daquela minha colega do jeans e camiseta.

Liguei algumas vezes, mas, em todas, alguém me dizia que ela não estava e que não aparecia no trabalho há dias. Acreditei nas primeiras duas vezes, depois, percebi que ela não queria mais falar comigo, por algum motivo que eu desconhecia.

Lembrei que ela havia dito que jantava naquele restaurante japonês todas as quartas-feiras. Então, estava aí o fim do mistério.

No dia seguinte fui até o restaurante. Uma quarta-feira de céu limpo como a bunda lisa de um neném tratado a talco e pomada para assadura. Passei três horas naquele lugar e até me arrisquei comendo alguns rolinhos de peixe. Como o gosto ainda me causava certa repulsa, eu os mergulhava no shoyu até perderem o sabor, pra conseguir mastigar sem vomitar.

Pedi alguns sushis mais exóticos na tentativa de conhecer um pouco mais e ter assunto quando reencontrasse minha colega. Além disso, esse tipo de informação poderia me valer algum artigo em alguma revista de gastronomia.

O sushiman me disse que ele estava preparando algo novo, sem peixe desta vez, mas sim, com carne de cavalo. Pode parecer ainda mais estranho, mas, carne vermelha crua não é tão ruim o quanto parece. Sei que parece hipocrisia. Mas, me lembrei de ter comido carne crua de cavalo uma vez ou outra em minha juventude, assim como o tal do kibe cru dos árabes, temperado com hortelã, limão e cebola.
Enfim, eu sentia menos nojo de carne vermelha crua do que de peixe cru com arro. Algo me dizia que podia confiar mais em animais maiores. Um peixe que defeca, nada e passa a vida na mesma água não me parece muito higiênico (sim, eu sei, porcos e galinhas são exemplo de falta de classe.

Eu disse ao sushiman que gostaria de experimentar o novo prato. Ele me serviu alguns filés muito bem cortados e sem nenhuma gordura. Pareceu muito mais apetitoso do que o filé de salmão. Os filetes bem finos de carne vieram acompanhados de um molho à base de limão, shoyu e o que parecia ser cebolinha – pelo sabor, deveria ser cebolinha.

Passei os primeiros minutos olhando o prato e pensando, enquanto saboreava o primeiro pedaço: “Esse tipo de corte não é qualquer um que faz. Esse cara deve ser muito bom com a faca".

Realmente, as fibras da carne pareciam não ter sofrido nenhuma agressão decorrida do corte com a faca. Estavam perfeitamente alinhadas, sem nenhuma ondulação comum de quando se corta um pedaço de bife com uma faca normal de cozinha – fica tudo torto. Ouvi em algum lugar que a carne vermelha tem um sentido próprio do corte, e se cortar ao contrário a carne fica mais dura quando cozida. Não faço a menor ideia do jeito certo. Mas, essa que o sushiman sem expressão me servira, sim, estava bastante macia. Carne vermelha crua e macia.

Olhei para ele enquanto mastigava e percebi que ele estava me olhando de volta esperando algum sinal de aprovação. Balancei a cabeça enquanto mastigava e frisei a testa e queixo, demonstrando que havia gostado. Ele sorriu, retribuiu o balançar sutil de cabeça e continuou montando outros pratos. Continuei comendo, um pedaço após o outro com apenas um pouco do molho, que também estava muito saboros.

Vou tentar descrever o sabor e a textura: carne macia e um pouco densa, mas muito fácil de mastigar. Realmente não parecia carne de cavalo, pois estava macia demais. Outro ponto positivo para o sushiman. Carne saborosa, suculenta com um final adocicado – novamente diferente de carne de cavalo, que costuma ser um pouco mais pesada e de sabor forte. A textura e o sabor, na verdade, me lembravam carne de carneiro. Gosto de carneiro.

Terminei meu prato minha bebida. Me levantei e fui até ele dar os parabéns pela proeza de fazer com que uma carne difícil de se trabalhar ficasse tão gostosa.

― É mesmo difícil. – disse ele. Mas os anos de prática me ajudaram a aperfeiçoar várias técnicas.

― Imagino que sim. Você deve ter tido um treinamento muito rigoroso para saber lidar com cortes tão difíceis; treinamento intenso inclusive com a faca, para cortar tão bem sem machucar o filé.

Me arrisquei, também, a brincar dizendo:

― Aposto que você é capaz de desossar uma vaca inteira em minutos e aproveitar cada grama de carne.

Ele não respondeu. Deu outro balançar sutil de cabeça, um sorrisinho leve de canto de boca e continuou preparando seu trabalho. Alguns segundos em silêncio, ele e eu, enquanto eu o assistia manuseando uma faca média que esse pessoal costuma usar para cortar filés bem finos.

― O senhor quer mais alguma coisa? – perguntou o sushiman.

― Não, obrigado. Estava realmente muito bom. Mas, estou satisfeito.

Olhei para o relógio: onze e meia. Não parecia ter se passado tanto tempo. Cheguei ao restaurante perto das oito e meia da noite na esperança de encontrar aquela minha amiga do jornal. Há essa hora ela já deveria ter aparecido, já que estávamos numa quarta-feira, como de costume. Teria dado tempo de jantarmos, irmos embora e já estaríamos tirando nossas roupas em seu quarto. Mas, nada. Ela não apareceu.

Perguntei ao sushiman se ele não a havia visto, já que ela era uma cliente sempre presente e muito fácil de notar. Ele disse que não, não naquela quarta-feira mesmo antes de eu chegar. Dei com os ombros e agradeci. Talvez estivesse indisposta para peixe cru e resolveu ficar em casa. Eu teria ficado. Talvez gostasse de futebol e hoje quarta-feira é dia de jogo. É isso. Ficou em casa.

Ao sair, esbarrei na garçonete. Ela me acompanhou até a porta e sussurrou:

― Sua amiga esteve aqui ontem. Agradeci seu comentário e fui embora.

Na quinta-feira feira repeti o ritual. Liguei no trabalho e não a encontrei. Em sua casa ninguém atendia. À noite, andei um pouco pelas ruas principais e não a vi em nenhum lugar. Retornei ao restaurante japonês já que eram quase oito da noite de novo. Dei a volta pelos fundos, pelo beco. Cachorros fazendo a farra com restos de comida e ossos. Achei a cena um pouco intrigante, mas continuei andando. Devia ser uma caçamba de lixo compartilhada com outras lojas, já que havia roupas jogadas ali também. Alcancei a porta principal e entrei. Outra porção de sushi de carne vermelha com limão e cebolinha. Eu estava ficando viciado naquele sabor. Parecia muito com algo que eu já havia provado. Algo íntimo, saboroso. Um sabor que eu queria mais, pois sentia falta.

Fiz o mesmo na sexta-feira, mas desta vez não liguei a procura de minha colega. Passei o dia trabalhando e voltei ao restaurante à noite. Não queria mais saber se havia perdido uma amiga por qualquer que fossem os motivos. Agora, eu havia gostado do sabor e da atmosfera daquele lugar. Gostei do restaurante e queria provar mais um pouco de sua comida sempre que possível. Minha paranoia por vermes em meu estômago aos poucos desaparecia, a cada mordida, diminuía ainda mais. O sushiman me olhava de um jeito mais estranho a cada noite. Ele me queria ali, eu tinha certeza disso, pois sempre me dava mais comida, mais porções daquele sushi exótico de carne vermelha saborosa. Mas, parecia que eu o estava incomodando de alguma maneira. Ele me perguntou se eu gostaria de saber como ele preparava aquele prato, aquele meu prato favorito.

― Não sei. – respondi. Talvez perca a magia.

Pela primeira vez ele sorriu de verdade, sem querer me agradar, e insistiu.

― Tudo bem. – concordei. Hoje?

― Não. Volte na próxima quarta-feira.

Terminei meu prato e fui embora. Fiz exatamente o que ele me mandou. Não voltei ao restaurante durante o fim de semana por causa de uma viagem a trabalho, e passei as segunda e terça-feira salivando de vontade de provar aquele sabor ainda mais fresco.

Na quarta-feira as horas pareciam não passar, e os ponteiros do relógio pesavam uma tonelada cada um, pois não andavam nem um só milímetro. Finalmente, hora de ir embora. Entrei novamente pelo beco e dei a volta até a porta da frente. Como ele havia me dito, fui mais cedo desta vez para não pegar o lugar muito movimentado e acabar atrapalhando seu trabalho.

Seis horas. Bato na porta, ninguém responde. Forço a maçaneta: aberta. Aparentemente, tudo certo se eu entrar, já que ele estava me esperando. Passo pelo bar, pelas mesas e digo “olá”. Ninguém responde.

Vou até a cozinha onde, certamente, o sushiman estaria. A porta da câmara fria estava aberta. Imagino que ele esteja lá dentro. Não.

Entro.
Névoa gelada.
Realmente, aquele sushiman sabia muito bem como manusear uma faca. O que eu havia dito sobre desossar uma vaca inteira sem fazer estrago era verdade. Infelizmente, minha colega de trabalho havia sido o animal de abate. Comi filés de seu corpo a semana toda, ao molho de limão e cebolinha.
Estavam deliciosos.
Desgraçado.

Resolvi ver de perto.
Sempre ouvi que nunca se deve entrar na cozinha do seu restaurante favorito. Aquela névoa gelada típica de frigoríficos. Pendurados em ganchos, pedados de um corpo feminino que eu parecia conhecer.

Olho mais de perto e vejo a marca de nascença que minha colega tinha na coxa esquerda, na altura do quadril.

As luzes se apagam.
Meu ritmo cardíaco acelera.
Sinto uma pontada rápida na garganta seguida de uma dor insuportável e instantânea falta de ar. A última coisa que vejo é o sushiman em pé ao meu lado enquanto caio de peito no chão gelado.

Ele segura aquela faca com a qual sempre preparava meu prato, com limão, cebolinha e os filés de minha colega.

Espero que ele me sirva com o mesmo molho.

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SIGA: Marco Buzetto