25/01/2022

Olavo de Carvalho morreu vitorioso. Você se recusa a acreditar, mas sabe que é verdade.

Olavo de Carvalho criou uma persona com objetivo de dominação e por décadas a aprimorou; e, sim, dominou milhares de pessoas. Só não conseguiu ir além, pois a figura que ele escolheu para pôr em prática seus planos, já que ele próprio não conseguiria por inúmeras limitações, é uma figura tão patética que ela própria não percebeu o tamanho dos planos malignos de Olavo. Sim, Bolsonaro é esta figura patética.

Em algum momento já dentro dos anos 2000, o que Olavo de Carvalho criou como o que chamamos de “olavismo” se encontrou com o que chamamos de “bolsonarismo”, que vão muito além da existência de suas figuras, já que seus sentidos e práticas se pulverizaram e se enraizaram na sociedade, muitos deles apenas legitimados e fortalecidos. Tanto o olavismo quanto o bolsonarismo não precisam mais de suas lideranças para existirem, pois criaram outras figuras tão meméticas quanto eles próprios que assumem seus lugares por toda parte. E aqui entra um novo risco: cada persona nascida e discípula do olavismo e do bolsonarismo e que realmente acredita em suas teorias e práticas fará o possível para superar seus mártires, e esta superação, no caso dos dois modelos – que se completam – se dá de forma teórica e prática. No campo das teorias eles criarão ainda mais teorias conspiratórias, jargões e concepções inimigas que não existem na realidade, mas que servem para sustentar suas falas; e na prática, ações de violência se tornarão ainda mais comuns, sendo elas frutos de impedimentos, rejeições e frustrações pelos quais estes memes passarão. Além disso, os financiamentos e compras de espaços de veiculação. Canais, mídias digitais, música etc.

Entramos, então, num possível cenário futuro. O olavismo tendo, continuidade e crescendo, talvez não em quantidade, mas em violência, tentará encontrar sua metade bolsonarista, que também crescerá em práticas violentas, ambos dirigidos por mais teorias conspiratórias contra inimigos inventados que põem medo nos ignorantes (inúmeros deles), e tentarão, mais uma vez, efetivar seu projeto de dominação. “Efetivar”, pois eles dois, olavismo e bolsonarismo, terão uma pausa por um breve período com a morte de Olavo de Carvalho e a saída de Bolsonaro da presidência, mas suas teorias no dia a dia não descansarão.

Me lembro de uma conversa que tive com uma amiga em meados de 2006/2007 assistindo à TV e vendo diariamente Bolsonaro como um ícone pop em programas de grande audiência caçadores de publicidade como Luciana Gimenez e CQC. Disse:

— Esse cara vai acabar sendo presidente do Brasil.

— Imagina! Só idiotas e gente muito ignorante e canalha leva esse cara a sério. Ele só está aí porque é “polêmico”. – disse minha amiga.

E respondi: 

— Pois é. Temos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, no Brasil são mais de 200 milhões. Tem muita gente idiota, ignorante ou canalha por aí e que já está levando esse cara a sério.

 

Dez anos depois, Bolsonaro estava em campanha eleitoral, eleito presidente em 2018. Precisamos nos atentar mais com o que já está posto, com o que nos apresentam e com o que o vem por aí.

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