07/03/2019

Sobre o (des)Governo de Jair Bolsonaro e o vídeo "do impeachment" - Parte 2

O que é #goldenshower?, perguntou o presidente da república @JairBolsonaro em seu Twitter após repercussão gigantesca, internacional e absolutamente negativa sobre sua postagem pornográfica no dia 05 de março de 2019.



A postagem mostra uma cena isolada durante o Carnaval que retrata um ato obsceno em público. No texto anterior (leia aqui), aponto, com base legal, alguns pontos que criminalizam a ação do atual presidente.


Detalhe:

1. A postagem do vídeo desapareceu no Twitter do presidente Jair Bolsonaro (que pode ter sido removido pelo mesmo, ou pelo Twitter);

2. Não existe fonte citando que o vídeo é deste Carnaval, ou se é de algum Carnaval ou de festa qualquer (mas isso não tem muita relevância, exatamente pela gravidade da divulgação do ato por parte do presidente, que configura crime maior que o próprio ato obsceno).

Em apenas um dia, muita gente favorável ao Governo Bolsonaro (três meses de governo até agora), também se manifestaram contra a ação do presidente no Twitter. Muitos eleitores já estava descontente com o presidente eleito por muitas questões ligadas à corrupção, candidaturas laranjas etc. e "suposto" envolvimento com milícias. Mas, com essa postagem, a coisa se agravou.


O que precisamos compreender


O Presidente da República Jair Bolsonaro, por ser presidente, não possui uma "conta pessoal no Twitter". Sua conta, sua imagem, seus atos e tudo o que o envolvem, são a imagem do Governo, a imagem do Presidente.

O que Jair Bolsonaro fez foi um ato indecoroso e difamatório contra o próprio país, contra o próprio povo. Não é questão interpretativa. Foi exatamente isso. A chamada "crítica" que Jair Bolsonaro fez não é nem de longe a função de um presidente da república. Ele poderia, no entanto, já que se incomodou tanto, realizar uma denúncia e sugerir uma investigação com base no vídeo (isso, não publicamente).

A ação do presidente, então, cai sim na lei de crimes contra a probidade administrativa, e é sim passível de investigação. Assim, sua responsabilidade é responder por sua ação. Lembrando que em nenhum momento o presidente Jair Bolsonaro se desculpou pela postagem incoerente com o cargo e função, e, além disso, criou ainda mais debate e intriga com outras pessoas em seu Twitter.

Atente: O próprio presidente Jair Bolsonaro levantou a pauta do próprio impeachment, trazendo à tona, também, sua capacidade mental de se sustentar no cargo. O presidente se esqueceu de tudo o que o Brasil precisa levantar de debates e pautou a obscenidade (isolada), levando a imagem em questão para mais de 3 milhões e 600 mil pessoas que o seguem em seu Twitter, para crianças, adolescentes e adultos (diretamente) e para todo o mundo que o quisesse ver, pois inúmeros jornais, jornalistas, correspondentes etc. ao redor do mundo escreveram matérias sobre o fato.

Veja, então: a difamação generalizada causada pelo presidente Jair Bolsonaro afeta todo o Brasil. Não é apenas a desonra de sua própria imagem (além de que ele próprio já trabalhou muito para sujar a própria imagem em momentos bizarros, respostas violentas, incitação de estupro, violência contra as mulheres, homossexuais etc.). O que se fez foi a desonra da imagem de TODOS os brasileiros, da cultura do país (o Carnaval) e da identidade de todos nós.


Outros momentos deste Governo

O Ministro da Educação Ricardo Vélez (colombiano) diz que os brasileiros são canibais, ladrões de hotéis no exterior e que roubam até assento de avião (como se fosse super fácil sair com um assento de um avião debaixo do braço).

A Ministra Damares Alves, Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do atual governo, além de uma grande quantidade de declarações absurdas, já "afirmou" que no Brasil existem hotéis especializados em turismo sexual com animais (zoofilia) para estrangeiros, e que a prática é comum entre os brasileiros.

Interessante é lembrar aquela participação do CQC na BAND, na qual o presidente Jair Bolsonaro, além de tantos outros momentos, "admite", "sugere", "dá a entender" que já praticou zoofilia. E você pode relembrar esse momento neste link.


Nota no site do Planalto



A Nota acima está disponível neste link, e tenta duas coisas:

1. Aliviar a situação para o lado do Presidente Jair Bolsonaro (inutilmente, pois o mesmo não se desculpou publicamente, inclusive, criando situações ainda mais constrangedoras);

2. Perceba que a nota fala em "conta pessoal" do presidente. Porém, o presidente é presidente 24 horas por dia. Ele não tem conta pessoal em rede social. Ele tem sua conta como presidente. Não existe possibilidade de dissociar a imagem de um e do outro, homem e presidente. É uma coisa só.

Esse segundo ponto, em minha opinião, é uma tentativa do próprio Governo de tirar de si a responsabilidade pelos atos do homem Jair Bolsonaro em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Como quem dissesse: "O Governo é uma coisa, o Jair Bolsonaro é outra, e nós não nos responsabilizamos por seus atos". Um clássico "tirar o seu da reta".


Emfim

Compreenda, então, a situação no Brasil: um Governo muito mais preocupado em gerar polêmicas sobre as individualidades e a identidade das pessoas e da nação, do que com questões que realmente importam. O desemprego, o trabalho, a reforma na previdência, aposentadorias, corrupção declarada... tudo trocado pela pauta de atos obscenos durante o Carnaval (sem fonte) e uma fixação muito íntima do presidente pelo ânus alheio.

Realmente, Jair Bolsonaro ainda não assumiu a presidência. Ainda não compreendeu o que está fazendo e qual sua função, e se mantem recluso no Twitter como um blogueiro adolescente frustrado em busca de novas discussões infantis, desmoralizando a imagem nacional. E com este caso no qual causa um constrangimento generalizado, não apenas no Brasil, ele mesmo levanta a questão de sua sanidade mental e da própria capacidade de governar um país.

Percebeu como a discussão não é partidária?

Forte abraço.

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