18/01/2019

Hoje uma mulher morreu...


Hoje uma mulher morreu. Uma pessoa especial. Não para mim. Sentia carinho por ela, pelo o que representava, pois eu a conhecia. Mas não era a pessoa mais especial do mundo para mim. Para alguém, claro. Para muitos, acredito.

Uma mulher com uma grande história de vida, com o peso de lutas incompreendidas em seus ombros. Incompreendidas pela maioria. Eu até que as entendida; mas certamente eu não teria ou disporia de tanta paciência.

Hoje uma mulher morreu. Alguém que me respeitava mesmo sem conviver grande parte da vida comigo. Rufh! A quem estou querendo enganar? Nos víamos apenas em momentos muito específicos e quase não conversávamos. Mas nos respeitávamos, pois sabíamos qual o peso de sermos quem éramos – e diferente dela, continuo sendo, ao menos em vida. Ela me respeitava como a alguém com algum valor; que até mesmo eu não enxergava por muito tempo.

Hoje, mais uma mulher morreu. Uma mulher cheia de vida. Cheia de batalhas vencidas.

Hoje, mais uma mulher morreu. Como tantas outras nesse mundo humanizado e civilizado que nos permite nos destruir; nos tratarmos como descartáveis, como nada, como lixo. Principalmente se estiver na pele de uma mulher.

Hoje uma mulher morreu, e eu não disse nada. Dei meus pêsames a um amigo e bebemos uma dose. Entrei no carro e fui embora desconcertado por quem ficou para sofrer a perda anunciada.

Azaleias, Margaridas, Magnólias, Rosas. Nomes de flores e mulheres que agora jazem pálidas, porém, radiantes pela memória. E tudo isso me faz pensar, refletir sobre tudo, sobre o tempo.

Hoje uma mulher morreu. Eu não estava lá; mas senti o lamento na atmosfera.


18 de janeiro de 2019, 22:55h.

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